Baratas são insetos de corpo ovalar e deprimido. Seu tamanho pode variar de alguns milímetros a quase 10 centímetros, tendo em geral coloração parda, marrom ou negra. Existem, no entanto, espécies coloridas.
O formato e o tamanho variam dependendo da espécie, sendo que, genericamente podemos dizer que:
– Machos são menores que as fêmeas
– Quando diferem pelas asas, os machos tem asas mais desenvolvidas que a fêmea
– Algumas espécies – machos alados e fêmeas ápteras.
A cabeça é curta, subtriangular, apresentando olhos compostos grandes e geralmente dois ocelos (olhos simples).
As antenas encontram-se inseridas entre os olhos compostos, apresentando formato filiforme e podendo atingir o dobro do comprimento do corpo. Elas desempenham um papel fundamental na sobrevivência da barata servindo não apenas como elemento de direção, mas também podendo captar vibrações no ar ou ainda cheirar alimentos ou feromônios.
O aparelho bucal é mastigador, possibilitando roerem papéis, roupas sujas de alimento (cola, doces, etc.), pelos, pintura, mel, pão, carne, batatas, gorduras, lombadas dos livros e os seus dourados. Algumas se alimentam de madeira (celulose), sendo tal alimento digerido por microrganismos como sucede entre os cupins.
O tórax apresenta o seu primeiro segmento bem desenvolvido, com o pronoto largo, achatado, cobrindo a cabeça.
As pernas são ambulatórias, tornando as baratas andarilhas excepcionais. Apresentam coxa grande, fêmures e tíbias com espinhos e, em geral, têm tarsos pentâmeros.
Quando presentes, apresentam dois pares de asas, sendo o primeiro par tipicamente coriáceo (tégmina) e o segundo membranoso.
O abdome é séssil, alargado e deprimido, apresentando em geral 10 segmentos. Apresenta um par de cercos no último urômero, acrescido de um par de estilos nos machos.
A postura dos ovos é feita dentro de uma cripta genital em uma capsula denominada ooteca.
COMPORTAMENTO
Baratas são animais de hábitos noturnos, sendo mais ativas à noite, quando saem do abrigo para alimentação, cópula, oviposição, dispersão, vôo.
O hábito noturno das baratas pode ser explicado através do mecanismo de seleção natural. Durante sua evolução as baratas que se mantinham ativas à noite sobreviviam, ao contrário daquelas que tinham hábitos diurnos. Estes insetos passaram assim a predominar no ambiente, transmitindo a seus descendentes este comportamento chamado de fototropismo negativo, significando que elas procuram sempre a escuridão ao invés da luz.
Durante o dia ficam abrigadas da luz e da presença de pessoas, algumas condições especiais contribuem para o seu aparecimento diurno, tais como:
– Excesso de população
– Falta de alimento ou água (stress)
Embora não sejam animais sociais, como as abelhas, cupins e formigas, as baratas são gregárias, sendo comum ocorrerem em grupos.
REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO
As baratas são insetos hemimetábolos, ou seja, apresentam metamorfose gradual ou parcial (simples) em três estágios: ovo, ninfa e adulto.
Fêmea produz uma capsula protetora dos ovos (ooteca), em forma de bolsa fechada, a qual contém duas fileiras de ovos justapostas e separadas por uma membrana. O número de ovos varia com a espécie podendo variar de 4 a 50 ovos.
A ooteca é colocada, pela maioria das espécies, em um lugar seguro, próximo à uma fonte de alimentos, cerca de dois dias após sua formação. Apenas a Barata alemã (B.germanica) carrega a ooteca até cerca de 24-48 horas antes da eclosão dos ovos.
As próprias ninfas rompem a ooteca na maioria das espécies, à exceção da Barata-de-esgoto (P.americana) onde as formas jovens são liberadas com o auxílio da mandíbula materna.
As formas jovens (ninfas) se parecem-se com as adultas, menos por:
– apresentarem coloração clara, praticamente branca, escurecendo em algumas horas por causa da oxidação dos componentes da pele.
– não tem asas
– Sofrem mudas (ecdise) para crescer, ou seja, perdem o esqueleto externo ou casca.
– Última muda = barata adulta, com asas totalmente formadas e sexualmente madura.
Nota: Após a muda, durante um período de aproximadamente 24 horas, as ninfas permanecem com uma aparência esbranquiçada até que o novo esqueleto adquira o enrijecimento original. Durante esta fase, as baratas estão sujeitas ao ataque da própria espécie e ao canibalismo.
O ciclo de desenvolvimento da barata, do ovo à fase adulta, depende de fatores como:
– espécie
– condições de temperatura e umidade (alta temperatura e alta umidade favorecem um menor tempo de desenvolvimento).
– quantidade de alimento e teor de proteína disponível.
– outras condições ambientais.
Para se ter um idéia, este ciclo pode variar de 53 dias para a B.germanica até 2 anos para a B.orientalis.
As espécies de baratas mais comuns em domicílios são:
Periplaneta americana (Linnaeus) – barata de esgoto
Periplaneta australasiae Periplaneta australasiae (Fabricius)
Blatta orientalis Linnaeus
Blatella germanica (Linnaeus) – barata alemã
Supella longipalpa (Fabricius) – barata de listras marrons
Alguns autores consideram as quatro primeiras apenas como baratas domésticas. As mais comuns no Brasil são a Barata alemã Blatella germanica e a Barata-de-esgoto Periplaneta americana.
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Texto publicado com autorização do Eng.Agr. Marcos Potenza, Pesquisador do Instituto Biológico de São Paulo.
Métodos de Controle
A estratégia básica de controle implica na adoção de medidas de saneamento do meio, conforme visto em medidas preventivas de controle e a aplicação de inseticidas nas áreas de abrigo do inseto.
Hoje em dia existem vários tipos de formulações inseticidas que podem ser aplicadas com segurança no ambiente doméstico, desde formulações líquidas, até sólidas (iscas a base de gel, grânulos, armadilhas, etc.).
A aplicação de inseticidas deve ser orientada para locais de abrigo destes insetos, assim como frestas e ranhuras existentes na estrutura. Podem ser aplicados também em superfícies, visando os locais por onde a barata supostamente irá caminhar (aplicações em banda, nos cantos de paredes e aplicações ao redor do domicílio ou peridomiciliar).
O Manejo Integrado de Pragas é uma filosofia a muito utilizada no controle de pragas agrícolas e pode também ser utilizada com sucesso em áreas urbanas. Esta filosofia consiste nos seguintes passos:
- a) Identificar a espécie.
A correta identificação da identidade da espécie possibilita o acesso ao acervo de informações técnicas e científicas.
- b) Compreender a biologia e o comportamento da praga.
Após a identificação pode-se analisar os aspectos biológicos e comportamentais do inseto, buscando-se informações sobre o alimento, necessidades térmicas, umidade, “habitat”, e aspectos da reprodução.
- c) Determinar o nível de infestação para adoção ou não do controle.
Analisar e determinar quais as condições locais propiciam o desenvolvimento da infestação.
- d) Conhecer e avaliar as medidas de controle e o seu uso (riscos, benefícios, eficácia).
Avaliar os métodos de controle legalmente (produtos devidamente registrados) disponíveis e sua aplicabilidade na situação em questão. Considerar medidas como remoção mecânica (aspiração), armadilhas, iscas, defensivos, controle biológico e outras.
- e) Implementar táticas seguras e efetivas de controle.
Avaliar o impacto das medidas a serem adotadas sobre o ambiente (público, animais, resíduo em alimentos e utensílios).
- g) Avaliar a eficiência do controle.
Realizar o monitoramento do nível de infestação (armadilhas de cola) após a aplicação e, se necessário, adotar medidas de controle complementares. O monitoramento feito após um tratamento pode ser utilizado como um indicador de qualidade do controle.